"Pina Bausch - Ensaio Biográfico", com chancela da editora D. Quixote, vai ser apresentado dia 30 de junho, às 18:30, no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, no âmbito de um tributo à coreógrafa alemã falecida há um ano.
"Senti que tinha chegado o momento de partilhar num livro a minha paixão pela obra dela e tudo o que recolhi na pesquisa que tenho vindo a fazer desde que descobri o seu trabalho", explicou, em declarações à agência Lusa, a jornalista e crítica de dança.
Falecida em 2009, aos 68 anos, Pina Bausch deixou um legado singular na história da dança, que também passou por Portugal, onde criou a peça "Masurca Fogo", inspirada em Lisboa, a convite da Expo98.
A paixão de Claudia Galhós, 38 anos, pela criadora começou quando ainda era jornalista da revista Blitz, mas evidenciou-se em 2008, quando se realizou o Festival Pina Bausch, em Lisboa: "Percebi então que o fascínio não era só meu", apontou, referindo-se à grande afluência de público nos espetáculos.
No livro estão reunidas entrevistas a várias pessoas que a conheceram como Jorge Salavisa, quando era ainda diretor do São Luiz, que acolheu vários espetáculos de Pina Bausch, Gil Mendo e João Penalva, entre outros.
Claudia Galhós também entrevistou a coreógrafa alemã em várias ocasiões que constituíram momentos únicos: "Nas primeiras entrevistas presenciais ela falava muito pouco, havia muitos silêncios e olhares suspensos", recorda sobre uma personalidade que ainda hoje é considerada "enigmática e misteriosa" por muitas pessoas que a conheceram.
"A comunicação verbal nunca foi o forte de Pina Bausch, mas mesmo assim ela foi melhorando com o tempo. E isso nota-se também nos espetáculos que foi fazendo", observou.
Na opinião da jornalista, há muitas visões possíveis sobre a obra da coreógrafa e a sua personalidade, mas, destaca, o mais importante foi que ela chamou a atenção para uma certa forma de fazer esta arte, ao "ver mais, ouvir mais e sentir mais".
Não acredita que Pina Bausch tenha trazido algo de totalmente novo para a dança: "Foi sobretudo um catalizador de espíritos do tempo, de certas sensibilidades, de mudanças que já estavam a acontecer e que ela conseguiu dar sentido e iluminar de forma única", concluiu.
No dia 30 de junho, o São Luiz presta homenagem a Pina Bausch exibindo também um filme encomendado ao realizador João Salaviza, intitulado "Hotel Müller", inspirado na emblemática peça de Pina Bausch "Café Müller", e com uma conversa entre personalidades que a conheceram como António Mega Ferreira, Fernando Lopes, José Sasportes e Luísa Taveira.
Lusa/SOL