quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Meu guia, meu anjo, meu amigo (Poema de Fet)

Não estás tu aqui como uma imaterial sombra,
Meu espírito, meu anjo, meu amigo,
Conversando silenciosamente comigo
E silenciosamente pairando em volta?
À minha timidez tu conferes inspiração,
E docemente fazes o sofrimento desaparecer,
E concedes-me tranquilos sonhos,
Meu guia, meu anjo, meu amigo... Meu guia! Meu anjo! Meu amigo!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mal-Entendidos

 
Autor: Dr.Nuno Lobo Antunes

Sinopse

Para compreender uma criança temos de voltar ao país das memórias, reviver o que ficou para trás, habitar de novo medos de que nos esquecemos. Olhar com olhos de espanto, chamar filha a uma boneca, e replicar o milagre da criação dando-lhe voz. Para a compreender temos de voltar a pele do avesso, reduzir a dimensão do corpo na medida inversa em que cresce o sentimento. Cada criança é uma história por contar. Por vezes o Capuchinho Vermelho perde-se no bosque e não há beijo que resgate a Bela Adormecida.
Para muitas crianças a sua história pode não terminar bem, e não viverem felizes para sempre.
Este livro destina-se a essas crianças e a quem delas cuida: Pais, Professores, Psicólogos ou Médicos, que querem que todas as histórias tenham um final feliz, e não deixam o Espelho Mágico dizer a nenhuma criança que há alguém mais belo do que ela.
Devem existir em Portugal cerca de 100.000 crianças com perturbações de desenvolvimento.- Nuno Lobo Antunes , In Introdução
Hoje mesmo, dia em que termino o meu livro, alguém começa uma história: as minhas filhas conheceram os professores e a Escola que as vai acolher. Sentados em cadeiras pequeninas, a minha mulher e eu sentíamos a insegurança de quem confia a outros o que tem de mais importante. De hoje em diante a Rosa e a Ana estão à mercê dos seus professores. Uma palavra mais agreste destruirá a confiança que nos seus poucos anos de existência conseguiram adquirir, um sorriso de incentivo e conquistam o mundo. As minhas filhas são frágeis, vulneráveis. Só nós lhes conhecemos as inseguranças, o texto para além do pretexto, a inquietação que duas pequeninas rugas verticais, ao lado dos olhos tão bem traduzem. Que olhem para elas como nós as vemos, quando à noite as vamos espreitar, e dormem tranquilas mas indefesas, não fossemos nós. E agora deixamo-las entregues a outrem, sem a certeza de que elas compreendam que não há alternativa para o primeiro passo que as fará “pessoas crescidas”. Será que ainda acreditam em nós depois de as deixarmos num universo estranho, actrizes de um filme de que desconhecem o guião? Ao pôr a Ana no escorrega, bati com a cabeça numa barra de ferro. Fez barulho, doeu. A Ana olhou para mim e nada disse. Minutos depois, quando nada o fazia prever, deu-me um beijo na testa, curativo de quem, quando for grande, quer ser médica de crianças. Querida Ana, já entendeu o mais importante dos remédios: penso húmido, adesivo que não mais descola, e que me deixará sarado para sempre, deste, e de outros traumatismos. Damos-lhes tantos beijos iguais. E no entanto eles não são o escudo que vai impedir desgostos, a troça de outros meninos, a mágoa por uma colega que disse: “não gosto de ti”. Como pudemos abandonar as filhas à sua sorte? Difícil aceitar que o seu destino, só em parte depende de nós. Professores, tomem bem conta das nossas filhas que nem sempre aquilo que parece é.

sábado, 11 de setembro de 2010

segunda-feira, 6 de setembro de 2010


Amor Pacífico e Fecundo

Não quero amor
que não saiba dominar-se,
desse, como vinho espumante,
que parte o copo e se entorna,
perdido num instante.

Dá-me esse amor fresco e puro
como a tua chuva,
que abençoa a terra sequiosa,
e enche as talhas do lar.

Amor que penetre até ao centro da vida,
e dali se estenda como seiva invisível,
até aos ramos da árvore da existência,
e faça nascer
as flores e os frutos.

Dá-me esse amor
que conserva tranquilo o coração,
na plenitude da paz!

Poema de Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
                                                
" TEMOS DE NOS TRANSFORMAR, NAS NOSSAS VIDAS, NAS COISAS QUE ESCOLHEMOS EXPERIMENTAR COMO NOSSO MUNDO"

Se sentir é a forma que escolhemos, e se sentimos o tempo todo, estaremos também a escolher constantemente. Podemos sentir com convicção gratidão pela paz do nosso mundo, pois ela existe sempre algures. Podemos sentir gratidão pelo bem-estar dos nossos entes queridos e pelo nosso, porque somos curados e renovados em maior ou menor grau todos os dias.

Poderá ser exactamente isso que as versões em aramaico dos Evangelhos tentavam trasmitir às gerações vindouras através da linguagem que nos deixaram há cerca de 2000 anos. Poderá ser exactamente este o efeito descrito no texto Gnóstico do Evangelho perdido de Tomás: « Aquilo que tendes salvar-vos-á se o fizerdes emergir a partir de vós mesmos. Aquilo que não tendes dentro de vós matar-vos-á se não o tiverdes no vosso interior».

Embora a advertência seja breve, as suas implicações são poderosas. Através das palavras atribuídas ao Mestre Jesus, é-nos recordado que o poder de enformar as nossas vidas e o mundo vive dentro de nós sob a forma de uma capacidade que todos partilhamos."
Extraído do livro " A Matriz Divina" de Gregg Braden