sábado, 5 de setembro de 2009

A minha visão sobre a Globalização e os países mais desfavorecidos particularmente o Corno de África

Em África, como todo o mundo sabe, o contínuo reacender dos conflitos armados, a falta de saneamento básico, a doença, são um dos impulsionadores de situações dramáticas tais como a pobreza extrema principalmente na África Subsaariana. Desde os conflitos étnicos e religiosos entre clãs e tribos à fome e subnutrição em vários países africanos acresce a doença que vai alastrando epidemicamente devido aos poucos meios na área da saúde e à falta de informação e formação das populações.
São variadíssimas as causas da fome no mundo, como as alteraçoes climáticas (com as secas, as inundações) os terramotos as pragas… mas as causas humanas são, a meu ver, as mais devastadoras e cruéis. A instabilidade política,a corrupção, a ineficácia dos governantes, a má administração de recursos naturais, a guerra, a deficiente planificação agrícola!
O mundo confrontar-se á com problemas demográficos nos próximos anos, uns pela baixa percentagem de fertilidade e consequente envelhecimento das populações e outros com explosões demográficas mas confrontados com a doença e falta de estruturas básicas.
O processo de globalização acabou com os limites geográficos, mas não eliminou a fome, a miséria e os problemas políticos de milhões de globalizados que vivem (ou sobrevivem) abaixo da chamada linha da pobreza absoluta.
Estima-se que em cada 3,5 segundos morra um ser humano de fome no mundo sendo que a maioria são crianças num mundo globalizado onde os excedentes de produção são atirados ao lixo porque as normas assim o exigem!
A Globalização com as suas regras de trocas comerciais e investimentos beneficia muitos países mas outros há, que não! Alguns países serão cada vez mais excluídos dessas trocas e investimentos. Começará a haver um fosso cada vez maior entre os países desenvolvidos e a África Subsaariana, do Norte e Médio Oriente .Embora considere positiva a ideia de um mundo sem fronteiras, onde todos fazemos parte de uma comunidade humana alargada (em teoria pelo menos) e pressupondo também que  a multiplicação das trocas comerciais e tecnológicas, a melhoria das comunicações internacionais se alargariam a todos os países e  os ajudariam a evoluir em termos económicos, não vejo que isso esteja de facto a acontecer  pelo menos de forma igual para todos… A Globalização pressupõe indivíduos conhecedores dos seus direitos e deveres, livres, com autonomia, para serem cidadãos fortes  e  a participarem assim consciente e activamente na política global, o que não acontece nos países subdesenvolvidos (e não só…) onde a falta de informação e formação é abismal!
A Globalização baseada na revolução tecnológica vem incentivando, no mundo ocidental, as empresas a competir umas com as outras, estas para sobreviverem (principalmente as pequenas e médias) despedem os funcionários aumentando o desemprego e aumentando o lucro, algumas vão-se instalando nos países onde a mão-de-obra é mais barata continuando assim a exploração dos que já são os mais pobres dos pobres. Outro ponto negativo da Globalização é a perigosidade de uma sociedade tecnocrática e consumista, como a do mundo ocidental, se ir alargando e impondo regras globais de comportamento e económicas que pouco têm a ver com outras culturas, outros países. Terá que haver sempre o respeito pela pessoa humana e pela diversidade cultural de cada país.
Porém no mundo desenvolvido essa consciencialização de liberdade de que falava acima, autonomia, conhecimento das leis e da participação na vida global também não é notória uma vez que o indivíduo se deixou escravizar de tal forma pelo consumismo desenfreado pela massificação de valores e comportamentos, que vai adquirindo dos meios de comunicação, pela aculturação.  Passou a ser  escravo do aperfeiçoamento técnico e dos meios de comunicação planetários agindo de modo padronizado.
“O povo, as massas, os grupos e classes sociais são induzidos a realizar directrizes estabelecidas pelas elites modernizantes e deliberantes” como dizia Octávio Ianni sociólogo brasileiro.
A Carta da Terra das Nações Unidas é um documento belíssimo que exalta o dever de nos unirmos para formar uma sociedade global durável, com alicerces no respeito pela natureza, pelos direitos humanos universais, pela justiça económica e pela paz… pela protecção da vitalidade, da diversidade e da beleza da Terra como um dever sagrado… devido a um aumento sem precedentes da população humana, que sobrecarregou os sistemas económicos e sociais, a obrigatoriedade de formarmos uma sociedade global para cuidarmos da Terra e cuidarmos uns dos outros!
Em alguns países da Ásia, América e África, segundo algumas estimativas existem cerca de 300 mil crianças soldados a lutar em todo o mundo, seja para grupos rebeldes ou para tropas governamentais. Durante a guerra civil na Serra Leoa, nos anos 90, mais de 15 mil crianças foram forçadas a pegarem em armas. Crianças sem infância. Onde está a Globalização tão sonhada da igualdade e do respeito, porque se comercializam ainda tantas armas? E o tráfico porque não se põe fim a ele?
No Camboja, Brasil, Tailândia onde, anualmente, chegam milhares de turistas entre eles, um número desconhecido de holandeses, italianos, portugueses, alemães entre outros, à procura de sexo com menores, que devido à pobreza e miséria se dedicam à prostituição ou são vendidas pelos próprios familiares. O mesmo acontece em África com mulheres, crianças e homens como mão-de-obra barata em semi-escravatura! O mundo Globalizado devia tomar medidas radicais e urgentes em relação a este novo tipo de negócio e de turismo desumano! Todos os dias 2 milhões de crianças são obrigados a prostituir-se devido à fome extrema! É isto que exportamos, porque fecham os olhos os governantes destes países?
Haverá concerteza o lado positivo mas a meu ver a Globalização serviria para pôr fim a tanta desigualdade que existe não só no Corno de África mas por todo o mundo!
Tenho esperança num Mundo melhor em que a política seja feita por pessoas íntegras que ponham os interesses das nações e dos cidadãos acima de qualquer outro interesse mesquinho, que invistam sériamente na Educação, Agricultura e Pescas (de forma planeada e não desenfreada e sem normas ambientais), na Saúde. Que deixe de imperar o lucro fácil, a ganância pessoal, o corre-corre da política para a administração de grandes empresas  (sempre os mesmos) o status e que esteja SEMPRE em primeiro plano a pessoa humana, a natureza e os interesses nacionais! 

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